
Antes de mais nada, quero que você respire fundo e sinta-se abraçada. Se você está vivendo a angústia de um relacionamento que parece se esconder nas sombras, saiba que você não está sozinha. Essa é uma dor real, que merece ser olhada com carinho e, acima de tudo, com clareza.
Ao longo dos meus anos ouvindo sobre as complexidades do coração, percebi que a pergunta que realmente importa não é “por que ele não me assume?”, mas sim, “por que eu aceito não ser assumida?“. A mudança de perspectiva é sutil, mas é aqui que reside a nossa força.
Vamos explorar alguns pontos, unindo a sabedoria do coração com o que a neurociência nos ensina sobre nossas emoções.
1. O “Quase-Relacionamento” e o Cérebro Viciado em Esperança
Relacionamentos que não se definem nos colocam em um estado de intermitência emocional. Um dia, você recebe uma migalha de afeto que te eleva; no outro, o silêncio e a incerteza te consomem.
A neurociência explica esse ciclo vicioso através da liberação de dopamina. A dopamina, o neurotransmissor do prazer e da motivação, é liberada de forma muito mais potente em sistemas de recompensa variável. Pense em uma máquina de caça-níqueis: você nunca sabe quando virá o prêmio, e é essa imprevisibilidade que te faz continuar tentando.
Nesse “quase-relacionamento”, a recompensa é a validação, o momento em que ele te trata como prioridade. Como você não sabe quando isso acontecerá, seu cérebro fica em um estado de alerta constante, esperando pela próxima dose de afeto. Você não está viciada nele, querida. Você está viciada na esperança que ele representa.
2. O Medo do Abandono e o Espelho da Infância
Muitas de nós carregamos, em nosso campo emocional inconsciente, feridas primárias. O medo de não ser boa o suficiente, de ser trocada ou abandonada, muitas vezes não começa no relacionamento adulto, mas ecoa de experiências da nossa infância.
Quando uma criança não se sente vista ou validade incondicionalmente por seus cuidadores, ela pode crescer com um vazio interno. Na vida adulta, buscamos inconscientemente preencher esse vazio. Se um homem se mostra indisponível, nosso inconsciente pode interpretar isso como um desafio: “Se eu conseguir o amor dele, o amor de alguém tão difícil, então finalmente provarei meu valor”. É uma armadilha cruel que nossa própria mente nos prega, tentando curar uma ferida antiga com um remédio novo e inadequado.
3. A Narrativa Social do “Homem Indeciso”
Vivemos em uma cultura que ainda romantiza a figura do homem “complicado”, “que tem medo de se entregar”. Vendem-nos a ideia de que, com paciência, carinho e dedicação, nós, mulheres, temos o poder de “consertá-lo” ou “mudá-lo”.
Deixe-me ser categórica, com a experiência de quem já viu essa história se repetir por décadas: um homem que quer estar com você, simplesmente está. Ele move montanhas, não cria desculpas. Ele te inclui, não te esconde. Ele te dá certezas, não dúvidas.
A verdade, por mais dura que pareça, é que a falta de atitude dele é a resposta. A indecisão dele é uma decisão clara: a decisão de não te priorizar.
O Caminho de Volta para Casa: Você
Então, o que fazer? A resposta não está em um truque para que ele finalmente te assuma. A resposta está em você assumir a si mesma.
- Assuma suas necessidades: É seu direito querer um relacionamento claro, com respeito, compromisso e transparência. Não há nada de “carente” ou “apressado” nisso.
- Assuma seus limites: O que você não tolera mais? A incerteza? Ser um segredo? Sentir-se como uma opção? Defina seus limites e honre-os.
- Assuma seu valor: Você é uma mulher inteira. Sua felicidade não pode ser um projeto a ser entregue nas mãos de outra pessoa.
Querida leitora, o lugar mais seguro para se estar não é ao lado de alguém que te deixa em dúvida, mas sim, firmemente plantada em seu próprio amor-próprio. Quando você se assume por completo, a necessidade de ser assumida por outra pessoa perde a força. Você se torna o seu porto seguro.
E a partir desse lugar de força, você verá que merece, e atrairá, um amor que não precisa de legendas. Um amor que te celebra em voz alta.